Velho porongo crioulo Te conheci no galpão Trazendo meu chimarrão Com cheirinho de fumaça Bebida amarga da raça Que adoça o meu coração
Bomba de prata cravada Junto ao açude do pago Quanta china ou índio vago Da água seu pensamento De alegria, sofrimento De desengano ou afago
Te vejo na lata de erva Toda coberta de poeira Na mão da china faceira Ou derredor do fogão Debruçado num tição Ou recostado à chaleira
Me acotovelo no joelho Me sento sobre o garrão Ao pé do fogo de chão Vou repassando a memória E não encontro na história Quem te inventou, chimarrão
Foi índio de pelo duro Quando pisou neste pago Louco pra tomar um trago Trazia seca a garganta Provando a folha da planta Foi quem te fez mate-amargo
Foste bebida selvagem E hoje és tradição E só tu, meu chimarrão Que o gaúcho não despreza Porque és o livro de reza Que rezo junto ao fogão
Embora frio ou lavado Ou que teu topete desande Minha alegria se expande Ao ver-te assim meu troféu Quem te inventou foi pra o céu E te deixou para o Rio Grande
Compositores: Ernesto Vilaverde Fagundes (Ernesto Fagundes) (ABRAMUS), Joao da Cunha Vargas (UBC)ECAD verificado em 02/Abr/2024