O Poeta e A Lua Em meio a um cristal de ecos O poeta vai pela rua Seus olhos verdes de Ă©ter Abrem cavernas na lua. A lua volta de flanco Eriçada de luxĂșria O poeta, aloucado e branco Palpa as nĂĄdegas da lua. Entre as esferas nitentes Tremeluzem pĂȘlos fulvos O poeta, de olhar dormente Entreabre o pente da lua. Em frouxos de luz e ĂĄgua Palpita a ferida crua O poeta todo se lava De palidez e doçura. Ardente e desesperada A lua vira em decĂșbito A vinda lenta do espasmo Aguça as pontas da lua. O poeta afaga-lhe os braços E o ventre que se menstrua A lua se curva em arco Num delĂrio de volĂșpia. O gozo aumenta de sĂșbito Em frĂȘmitos que perduram A lua vira o outro quarto E fica de frente, nua. O orgasmo desce do espaço Desfeito em estrelas e nuvens Nos ventos do mar perspassa Um salso cheiro de lua E a lua, no ĂȘxtase, cresce Se dilata e alteia e estua O poeta se deixa em prece Ante a beleza da lua. Depois a lua adormece E mĂngua e se apazigua... O poeta desaparece Envolto em cantos e plumas Enquanto a noite enlouquece No seu claustro de ciĂșmes. (por Anderson PINKY Castro)
Compositor: Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes (Vinicius de Moraes) (UBC )Editor: Tonga Editora Musical Ltda (UBC )Administração: Universal Music Publishing Mgb Brasil Ltda (UBC )Publicado em 2003 (03/Set) e lançado em 1977 (01/Fev) ECAD verificado obra #141488 e fonograma #594986 em 01/Abr/2024
Ouça estaçÔes relacionadas a Vinicius de Moraes no Vagalume.FM