Meu amor, que resta deste dia? Uma dor que já não se adia Porque hoje eu sei de cor O que se vai seguir depois. Deste amor resta um copo já sem vinho, Uma flor, fica a roupa em desalinho O frio que foi calor, o fim que eu adivinho Aos dois depois. E tu sais, não voltas de certeza E eu arrumo a louça que ficou na mesa. O que sobra são rugas nos lençóis, A marca do teu corpo sem depois.
Meu amor, que resta do que havia? Este ardor que já ninguém sacia Que nada há de pior que o nosso dia-a-dia depois. Este amor que ficou pelo caminho, Deixou a vida em desalinho, Para me recompor um copo mais de vinho Plos dois, plos dois. Tu partiste deixando a tristeza Mas ficaste no retrato esquecido sobre a mesa. O que sobra no linho dos lençóis São as marcas deste amor sem depois.