"1 ano, 12 meses, 52 semanas, 365 dias... de qualquer forma que eu diga, ainda significa a verdade mais dolorosa: que você não está mais aqui.
Quando você costumava sair em turnê e eu chorava porque você ficava fora por um tempo, eu sempre soube que você voltaria. Mas agora não posso te trazer de volta pra casa, não posso me encontrar com você em algum lugar do mundo, não posso fazer chamadas de vídeo ou mandar mensagens para saber como você está — é um sentimento eterno de saudade de casa, porque não podemos voltar atrás.
Eu subestimei o luto. Oh, como subestimei. A dor me paralisa diariamente. Eu pensei que já havia sentido antes, mas agora sei que as perdas anteriores eram apenas uma tristeza intensa; você é a perda da minha vida, a única pessoa que vou sentir falta em todas as ocasiões da minha vida.
Eu dava como certo que meu irmãozinho estaria ao meu lado durante a vida — que lição cruel aprender isso aos 30 anos, que um irmão não é garantido para a vida inteira, que eu tenho que enfrentar isso sem você.
Sua morte nunca fará sentido, não importa o quanto eu a estude, em que ângulo eu enxergue isso, nunca fará sentido. Você não deveria ter morrido. Eu tenho um pesadelo recorrente de que estou no seu quarto de hotel antes disso acontecer e que você não me ouve gritar, meu cérebro está trancado nos seus últimos minutos na Terra, Os minutos não contabilizados, os minutos para os quais nunca terei respostas, os minutos que mudaram tudo.
Tanta coisa aconteceu em um ano, tanta coisa para te contar, nossas crianças mudaram massivamente, você continuaria a se maravilhar com seu filho! Eu definitivamente fiquei mais engraçada (sei que você deve estar pensando: 'Como isso é possível, né?') — algumas das minhas piadas realmente me fazem sorrir, porque sei que elas teriam arrancado um 'buu' seu. Visitei alguns lugares lindos, mas cada lugar confirmou: não importa a paisagem, eu ainda sentirei seu vazio em todos os cantos da Terra.
Há algumas coisas que aconteceram em que tentei imaginar o que você diria se estivesse aqui, como você esperaria que eu reagisse ou lidasse com as coisas por você — talvez um 'O Liam iria adorar isso', ou muitos 'O Liam ficaria furioso por isso estar acontecendo' — mas então esses pensamentos são seguidos pelo vazio da sua ausência.
Sinto muito por ter não sido capaz de manter minhas promessas a você em relação a sua morte, sempre irá me assombrar o quão pouco eu fui capaz de fazer do que você disse. Nós éramos tão ingênuos nas conversas sobre esses assuntos de como a lei funciona na morte, leis ultrapassadas que nunca soubemos que existiam, onde nada é simples — por que saberíamos delas no começo dos nossos 30 anos? A devastação só se aprofunda a cada pedacinho de você que eu não consigo alcançar.
Vi um post no TikTok que dizia algo sobre 'se você tivesse mais 5 minutos com a pessoa que mais sente falta, o que você faria?'. Pensei muito sobre isso: 5 minutos para me despedir de você corretamente. Seria na sua casa. Eu iria querer estar primeiro no cômodo, para ouvir seus pés e tornozelos fazendo barulho ao caminhar até lá e, então, sentir aquela alegria no momento em que você entra, com seus ombros do jeito único que ficam.
Então eu pediria para darmos uma volta pelo seu jardim, era sempre ali que realmente conversávamos sobre planos e sobre o que nos incomodava. Pararíamos para ouvir o canto dos pássaros, você diria ‘é um pica-pau' e eu concordaria, sem saber nada sobre aves. Eu contaria uma piada e você riria do jeito infantil, com aquele brilho no olhar.
Liam Payne (Foto: Reprodução Instagram)
Agora eu sou a garota que olha nos olhos dos tordos só por precaução, caso seja você; a garota que espera que a borboleta à frente pouse sobre ela, caso seja você; a garota que diz “boa noite, Liam” para as estrelas todas as noites, só por precaução, caso seja lá que eu te encontre.
Andaríamos até o meu carro e você diria, brincando: 'Meu pai dirige um Jaguar' (ninguém fez essa piada comigo desde que você se foi). Nós nos abraçaríamos — um abraço de urso, apertado — o único que me fazia sentir calma. Eu te diria o quanto tenho orgulho de você, não só do seu trabalho, mas da pessoa que você é. Nos despediríamos com um 'te amo, cara', e, enquanto eu dirigisse para longe, você ficaria parado, acenando, refletido no meu retrovisor.
Se alguém tivesse me perguntado em 17 de outubro de 2024, enquanto eu olhava para o enorme e devastador vazio que havia ficado, se conseguiríamos superar isso, eu teria dito que não havia chance. A vida da nossa família havia sido completamente apagada, e mesmo naquela hora eu já sabia que era impossível consertar.
Penso no meu luto como um relógio. Lembro que te expliquei anos atrás — quando eu te enchia o saco para atender melhor o telefone — que minha cabeça era como o 'relógio dos Weasley', de Harry Potter: ele só parava quando conferia onde todos da família estavam, e com você viajando pelo mundo, eu precisava da sua confirmação de que estava seguro antes de conseguir relaxar. Só que agora, há um número faltando nesse relógio — o que faz com que nada nos meus dias faça sentido, e pareça que ninguém está realmente seguro e em paz.
Liam Payne (Foto: Reprodução Instagram)
Você morreu — algo que aconteceu — mas a sua ausência é algo que acontece comigo todos os dias, antes mesmo de eu abrir os olhos. Agora eu sou a garota que olha nos olhos dos tordos só por precaução, caso seja você; a garota que espera que a borboleta à frente pouse sobre ela, caso seja você; a garota que diz “boa noite, Liam” para as estrelas todas as noites, só por precaução, caso seja lá que eu te encontre.
Onde quer que você esteja, espero que consiga me ouvir. Espero que esteja me guiando. E espero que saiba que o amor que tenho por você é infinito.
Espero ter a chance de ser sua irmã em todas as vidas.
Durante um ano, assisti pessoas falando e tirando conclusões sobre o Liam e sobre sua morte — como uma espectadora das entrevistas e comentários mais dolorosos — sem qualquer aviso de que a morte da pessoa que eu amo estava prestes a ser discutida novamente em público, enquanto eu tentava desesperadamente retomar uma vida “normal”, que já não cabe mais no meu luto, nem em quem eu sou agora. Ainda estou de joelhos, lutando para recuperar o equilíbrio desde que meu mundo desabou — e toda vez que tento dar um passo à frente, algo vem e incendeia todo o progresso que eu achava ter feito na minha mente, tentando entender onde ou por que o Liam não está aqui pra me ajudar a passar por isso.
Parece que todos só se interessam pelo lado público disso tudo; alguns, tristemente, parecem mais interessados na fama que podem ganhar com essa tragédia. Mas, do lado humano, as pessoas precisam lembrar que, quando falam, há um filho sem o pai, pais sem o filho — e eu, perdida sem o meu irmão. Te amo para sempre, Liam — em todas as vidas.
