Nos fins do século passado Um breque lindo, tirado Pela mais bela parelha Pára alta noite, hora morta Guizalhando junto à porta Do Marquês de Linda-a-velha
Lá dentro há rambóia e farra O Marquês toca guitarra P'rá Julia da Amendoeira E nos salões do Marquês Há palmas de quando em vez Aos motes da cantadeira
Do breque sai uma dama Senhora nobre e de fama Nos anais da fidalguia Que sente um certo azedume E uma ponta de ciume P'la mulher da Mouraria
Ela entrou, calou-se tudo E nesse ambiente mudo Uma voz sobressaiu A Júlia, altiva e bizarra Cantou mesmo sem guitarra Um fado triste e saiu
A assistência entreolhou-se O portão nobre fechou-se E guizalhou a parelha O Marquês vive isolado E nunca mais se ouviu fado Nos salões de Linda-a-velha