Perfume e leite, o corpo em flor

As folhas que caem, o fruto caído

A decomposição e a ruína, a terra e os vermes

As estações mudam, o mundo gira

As árvores ficam cinzentas e a terra se torna marrom

Numa casa na floresta, na beira da cidade

Enterre bem fundo, engula tudo

Tomando as ervas, uma coroa de louros

Fazendo o trabalho e dormindo sozinha

Baixando Revelações do Amor Divino no meu celular

Tentando ler, mas me distraindo

Tentando viver, mas me sentindo tão danificada

E tudo ficará bem, tudo ficará bem

Milagres costumam ser inconvenientes

E uma prece é um feitiço

Arrumei minhas malas e entrei no carro

Uma peregrinação até onde quer que você esteja

Abril chega com suas flores batidas pela chuva

Ah, a esperança e o horror — os narcisos cantam outra vez

A terra descongela e as folhas ficam verdes

E as estrelas azuis das glórias-da-neve

com o jasmim de inverno

Roupas de seda e cetim, renda e couro

A única fita cor-de-rosa que me mantém inteira

E tudo ficará bem, tudo ficará bem

Milagres costumam ser inconvenientes

E uma prece é um feitiço

E eu estou mudando, me tornando outra coisa

Uma criatura do desejo, cuidando apenas de mim mesma

Lambendo minhas feridas, cavando fundo

Numa casa na floresta, na beira da cidade

Bem, a cura é lenta, vem e vai

Um vislumbre do Sol, depois uma revoada de neve

Os primeiros brotos verdes em uma geada repentina

Ah, algo se ganha quando algo se perde

A decomposição e a ruína, a terra e os vermes

As estações mudam, o mundo gira

O mundo gira

Perfume e leite, o corpo em flor

As folhas que caem, o fruto caído

A decomposição e a ruína, a terra e os vermes

As estações mudam, o mundo gira

O mundo gira

O mundo gira

O mundo gira