Oh, musa do meu fado Oh, minha mãe gentil Te deixo consternado No primeiro abril
Mas não sê tão ingrata Não esquece quem te amou E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
"Sabe, no fundo eu sou um sentimental Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dose de lirismo(além da sífilis, é claro) Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar,trucidar Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."
Com avencas na caatinga Alecrins no canavial Licores na moringa Um vinho tropical E a linda mulata Com rendas de Alentejo De quem numa bravata Arrebata um beijo Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
"Meu coração tem um sereno jeito E as minhas mãos o golpe duro e presto De tal maneira que, depois de feito Desencontrado, eu mesmo me confesso
Se trago as mãos distantes do meu peito É que há distância entre intenção e gesto E se o meu coração nas mãos estreito Me assombra a súbita impressão de incesto
Quando me encontro no calor da luta Ostento a agida empunhadora à proa Mas meu peito se desabotoa E se a sentença se anuncia bruta Mais que depressa a mão cega executa Pois que senão o coração perdoa"
Guitarras e sanfonas Jasmins, coqueiros, fontes Sardinhas, mandioca Num suave azulejo E o rio Amazonas Que corre Trás-os-montes E numa pororoca Deságua no Tejo Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um Império Colonial Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um Império Colonial
Compositores: Francisco Buarque de Hollanda (Chico Buarque) (UBC), Rui Alexandre Guerra Coelho Pereira (Ruy Guerra) (UBC)Editores: Cara Nova (AMAR), Marola Edicoes (UBC)Publicado em 2006 (11/Ago) e lançado em 2005 (30/Abr)ECAD verificado obra #2074369 e fonograma #1092133 em 11/Abr/2024