Há muito que aqui no meu peito Murmuram saudades azuis do teu céu Respingos de orvalho me acordam Luando telhados que a chuva cantou O que é que tens feito, que estás tão faceira Mais jovem que os jovens irmãos que deixei Mais sábia que toda a ciência da terra Mais terra, mais dona, do amor que te dei Onde anda meu povo, meu rio, meu peixe Meu sol, minha rede, meu tamba-tajá A sesta, o sossego na tarde descalça O sono suado do amor que se dá E o orvalho invisível na flor se espalhando Cantando cantigas e o vento soprando Um novo dia vai anunciando, mandando e Cantando cantigas de lá
Me abraça apertado que eu venho chegando Sem sol e sem lua, sem rio e sem mar Coberta de neve Levada no pranto dos rios que correm Cantigas no ar Onde anda meu barco de vela azulada Que foi de fanada sumindo sem dó Onde anda a saudade da infância na grama Dos campos tranquilos do meu Marajó Belém, minha terra, meu rio, meu chão Meu sol de janeiro a janeiro, a suar Me beija, me abraça que eu Quero matar a imensa saudade Que quer me acabar Sem círio de virgem, sem cheiro cheiroso Sem a chuva das duas que não pode faltar Murmuro saudades de noite abanando Teu leque de estrelas Belém do Pará!
Compositores: Adalcinda Magno Camarao Luxardo (ABRAMUS), Edyr de Paiva Proenca (SICAM)Editor: Luz da Cidade (UBC)Publicado em 2003 (08/Mai) e lançado em 2003 (01/Fev)ECAD verificado obra #2922 e fonograma #568000 em 07/Abr/2024